segunda-feira, 30 de março de 2015

Cuidar x Ser Cuidado

É muito difícil ter que cuidar quando estamos precisando de cuidados.

Já relatei que meu marido está com crises de enxaqueca. E eu também. Só que existe uma diferença enorme entre nossas dores. Ele precisa ser cuidado. Fica dependente. Me pede água, comida, remédio, roupa, carinho... E preciso dar tudo isso à ele e ao Pedro, que tem apenas 6 anos e é sim dependente de mim. E eu preciso ficar quieta, no meu canto, faço tudo por mim, só me deixa quietinha com um livro e minhas dores. Mas como cuidar de mim quando preciso cuidar de mais 2?

É nessa hora que me dá vontade de jogar tudo pro alto. Gritar que eu preciso de um tempo. Que eu também estou com dores e que eu também preciso de cuidados. Mas como?

Não sei dizer não. Mas eu preciso de mim mesma. Preciso ser compreendida. Sou forte, mas não sou de aço. Tb estou carente. E sinceramente, não quero ter mais força. Não quero ter mais paciência. Só quero me deitar e "curtir" minhas dores, meus medos, minha insegurança.

Meu emocional está abalado, meu corpo está abalado.

Sabe, meu grande erro é tentar mostrar pro mundo que eu sou uma mulher forte e conformada. Mas eu não sou. Ainda estou sofrendo, ainda estou triste, ainda preciso de colo, ainda não estou pronta para oferecer meu colo.

sexta-feira, 27 de março de 2015

De volta à rotina

E daí que voltei de vez para minha rotina. E o que isso significa? Que volto para minha luta diária contra a balança, contra o tempo, contra a vontade de não fazer nada, contra a falta de dinheiro...

Marido está tendo suas crises de enxaqueca, elas não são constantes, costumas vir uma vez ao ano e duram até 2 meses. Mas são apavorantes, de muitos remédios fortes, de idas ao hospital e muito desespero da parte dele.

A minha enxaqueca tb está de volta. Ela é mais constante e mais presente na minha vida. Duram 24h por dia x 7 dias na semana. Não há remédio que melhore ou cure. Mas é suportável, consigo conviver com ela. Acredito que seja por que sofro com ela desde os 15 anos. E fora alguns períodos de trégua, não lembro de como era minha vida sem ela. No meu caso é completamente emocional, e da mesma forma que aprendi a lidar com a depressão, eu aprendi a conviver com a enxaqueca. E bola pra frente!

Mas, como disse, de volta à rotina!

Ontem voltei pro pilates e comecei a aula de Jazz. Estou pensando em fazer Muay Thay. Acho que começo hoje mesmo. Vamos ver!

Daqui a pouco mais de um mês meu irmão vai casar e eu serei madrinha, gostaria muito de emagrecer pelo menos uns 5kg até lá.

Tb estou em busca de um emprego. Uma amiga divulgou uma vaga de assessoria de imprensa na empresa que ela trabalha. É necessário ter experiência, mas me candidatei assim mesmo. Estou confiante, se me derem a oportunidade de uma entrevista acho que consigo convencer de que vale a pena investir em mim. Já trabalhei nessa área, mas já tem uns 10 anos, estou enferrujada, mas sei do meu potencial. Amo jornalismo e meu grande sonho sempre foi conseguir trabalhar na minha área.

De um modo geral eu estou bem. Estou levando minha vida pra frente. Seguindo minha rotina e tentando me organizar. Estou em uma fase em que estou dando prioridade à mim. No meu corpo, na minha mente e na minha vida profissional. E seja o que Deus quiser!


quarta-feira, 25 de março de 2015

Vida que segue

E a vida continua. Vivi meu luto, fiquei uma semana em repouso, físico e mental. Li! Dormi! Mas não chorei mais.

Fui ao médico, já estou liberada para tudo. Confesso que estou bastante receosa de encarar o mundo. Ontem foi meu primeiro dia na rua e a primeira pessoa que encontrei veio me perguntar do meu carocinho. Hoje também já passei por isso. São momentos tristes, as pessoas não sabem muito bem como reagir quando dou a notícia. Mas eu já estou bem.

É vida que segue!

Tenho planos, preciso emagrecer, preciso de um emprego... Então, à luta!

Essa semana volto pros exercícios. Volto pro pilates e vou começar a fazer Jazz. A dieta anda meio capenga, confesso. Como emoção. Mas estou na linha.

Pretendo voltar para a área de comunicação. De preferência para a área editorial. Estou pesquisando sobre.

E o principal agora, terminar meu MBA. Pretendo escrever um artigo e terminar isso o mais rápido possível.

E vamos que vamos!!

sexta-feira, 20 de março de 2015


A minha perda!

Essa semana eu perdi um filho. Muitos podem dizer que ainda não era um filho, mas no meu coração, na minha alma, na minha vida esse filho já era mais do que real.
Estava com 8 semanas e 1 dia de gestação quando comecei a me despedir do meu bebe. E no dia seguinte ele se foi.

Foi horrível! Uma sensação que não desejo pra ninguém. Eu, literalmente, senti meu filho escapando por entre minhas pernas.
Teve muita dor, muito sangue e depois eu dormi. Quer dizer, me dormiram. Fui anestesiada, dopada... Tudo para não sentir mais dor. Mas lá no fundo eu sinto por não ter me despedido do meu bebe.

A última imagem que tenho dele foi pela televisão do consultório e ele não tinha mais vida nesse momento.

É difícil pensar nisso, pois já tenho um filho e na sua gestação, que foi de risco, eu o vi tantas vezes pela televisão de consultórios médicos e cada vez era mais especial que a outra, por que cada uma dessas vezes eu ia apreensiva e saía de lá com a certeza que meu filho estava vivo e bem e me despedia da sua imagem até a próxima semana.

Dessa vez foi tão diferente. Eu sabia que as chances de encontrar meu filho ainda no meu ventre era minima. Já tinha perdido muito sangue. Mas quando o médico posicionou o aparelho e eu o vi lá dentro eu ainda senti uma pontinha de esperança. Mas já era tarde demais. Meu bebe, meu carocinho já não tinha vida. O médico esperou, eu senti que ele também ainda tinha esperanças, ou queria ter, pois na sua maca se encontrava uma mãe desesperada, suja e aos prantos. E eu sei que todo médico, mesmo que esteja preparado para dar a pior noticia, sempre tem a esperança de poder tranquilizar seu paciente.

E se eu pudesse pensar nesse momento, eu teria me despedido do meu anjinho ali. Mas eu estava atordoada, perdida, dolorida. Lembro que a médica veio conversar comigo, lembro de ter recebido ligações, lembro do sangue, da dor física e principalmente lembro da dor da perda. Eu queria ser forte, tentei mostrar forças pro meu marido e minha mãe. Desabei algumas vezes, mas segui em frente e fui pro centro cirurgico com minhas próprias pernas.

Ao entrar naquela sala eu me dei conta de que a última vez que entrei naquele centro cirurgico meu filho tinha 20 dias de nascido e eu estava lá, triste e dolorida para tirar uma mastite no meu seio. E dessa vez eu estava lá para tirar meu filho de dentro de mim, um filho que não viveu para se alimentar do meu leite, pra eu segurar no meu colo de mãe.

E eu dormi!

Quando acordei eu estava ao lado de duas mulheres que haviam acabado de passar pelo mesmo sofrimento que eu. E elas estavam bem, estavam rindo! Lembro que não consegui entender muito bem aquilo, eu queria chorar, chorar muito, me desmanchar em choro. E não sei se a culpa foi delas ou se foi da anestesia, mas eu entrei no clima dessas mães e ri e fiz graça com elas. E segurei meu choro, segurei minha tristeza, segurei tudo pra mim.

Bem mais tarde, no ombro do meu marido eu chorei. No caminho pra casa eu chorei. E as lágrimas ficaram perdidas pelo caminho. Em casa eu sou forte! Tenho que ser forte! Meu primeiro carocinho me esperava de braços abertos e sorriso no rosto. Ele já tem 6 anos e uma inteligência sem tamanho. Sei que ele está triste, era o sonho dele ter um irmãozinho. Mas ele não deixou a vida parar. Tentei segurar ele comigo nesse dia, mas ele quis ir para a natação, ele quis ir para a escola e assim nossas vidas seguiram.

Tiro minhas forças dos amores da minha vida. Meu filho e meu marido estão comigo, estão fortes! Então eu não posso fraquejar. Por eles eu tenho que continuar vivendo e por eles daqui alguns meses tentaremos outro anjinho.

Erika Lobato